Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República,

A raridade e o significado geológico e paleontológico desta jazida do Jurássico, com cerca 175 milhões de anos, estão, de há muito, internacionalmente reconhecidos. O seu valor monumental aumenta pelo facto de conter cerca de 400 pegadas de grandes saurópodes, muitas delas bem conservadas e organizadas em 20 trilhos, tendo dois deles mais de 140m de comprimento. Acresce a estas excepcionais características, a grandiosidade e espectacularidade da jazida, no topo de uma única camada de calcário com 62500m2 de superfície. Todo este conjunto dispõe de uma extensa área envolvente, susceptível de comportar diversos equipamentos complementares. Na posse de um património com tais potencialidades, Portugal pode e deve dar-lhe o tratamento que se impõe.
Assim, solicita-se a quem de direito:
(1) numa primeira fase, que mande fazer (por entidade competente) um projecto, envolvendo, em especial, as componentes científica, pedagógica, lúdica e turística de superior qualidade, a nível internacional, e
(2), numa segunda fase, a sua concretização, na certeza da sua rendibilidade económica, potenciada pela proximidade (10km) ao Santuário de Fátima.

INTERVENÇÕES JÁ REALIZADAS

Ensaios de restauro e consolidação da camada de calcário que contém as pegadas, mediante intervenção adequada nas centenas de zonas esmagadas e/ou fracturadas pelas cargas de dinamite e sujeitas à erosão pelas águas pluviais.

Implantação de um sistema de passadeiras, sobrelevadas 20 a 30 cm do chão, ladeando os principais trilhos, com gradeamento, que permitem, ao visitante, percorrê-los sem pisar a laje, num circuito cómodo. Esta proposta de solução, apresentada de início (anos de 1990) só foi adotada em 2021 e, hoje, com quase 15 anos de abertura desta jazida ao público, já se vê, na laje ,o efeito desagradável do pisoteio de milhares e milhares de visitantes.

Jardim jurássico com plantas de grupos característicos do Jurássico e ainda existentes, a localizar num recanto da pedreira há muito abandonado e abrigado do quadrante norte, exemplificativo da flora contemporânea dos dinossáurios que ali viveram. Entre as plantas e por indicação do Prof. Fernando Catarino, figuram, ali Equisetum, Polipodium, Pteridium, Cycas, Ginkgo, Araucaria, Podozamites, Cupressus, Taxodium, Podocarpus, e outras, com bastantes indivíduos adaptados e em crescimento.

Percurso de circulação pedonal quilométrico, na periferia da toda Pedreira, onde se distribuem as pegadas, com definição de locais de observação apoiados em painéis explicativos. Esta intervenção está muito longe do aproveitamento das potencialidades deste espaço.

Centro de interpretação por adaptação de antigo edifício da Pedreira, muito modesto para a importância geológica e paleontológica da jazida e do seu enquadramento)

Intervenção nas pegadas por recurso ao branqueamento uniforme de cada uma das pegadas, como foi ali feito, anula-lhes o relevo, oferecendo uma imagem irreal, estampada na pedra, que se afasta do realismo que deveria ser procurado.

ALGUMAS IDEIAS A SEREM CONSIDERADAS NUM FUTURO PROJECTO

Restauro e consolidação da camada de calcário que contém as pegadas, obtidos que sejam os ensinamentos dos ensaios em curso.

Construção de uma estufa a envolver todo o Jardim Jurássico, com simulação de um ambiente tropical ameno e húmido.

Centro de Interpretação com o equipamento adequado (auditório, biblioteca e arquivo, salas de exposições temporárias e oficinas pedagógicas, cafetaria, sanitários e loja)

Exposição de réplicas e de esqueletos montados, num pavilhão concebido para o efeito, podendo, assim, oferecer-se ao visitante um complemento do maior interesse pedagógico.

Espectáculos noturnos de luz e som, tendo em conta a grandiosidade e espectacularidade da jazida, num muito amplo anfiteatro, pode ponderar-se a hipótese de instalar aí um complexo sistema informatizado, em realidade virtual, com utilização de “luz lazer”, para apresentação, em espectáculos nocturnos de luz e som, durante os meses estivais.

Comboio do Tempo, no género dos conhecidos “comboios-fantasmas”, circulando num “corredor do tempo” onde, com recurso aos novos meios de imagem, o visitante possa recuar à pré-história.

Jardim Infantil, equipado com elementos usuais neste tipo de espaço, tais como carroceis, baloiços, escorregas, etc., concebidos com base em estilizações de dinossáurios e de outros animais pré-históricos.

Restaurante-cafetaria com área coberta e esplanada.

Parque de merendas convenientemente equipado.

Pousada. A conceber na imediata vizinhança do complexo museológico, com um número de camas a definir.

Albergue de Juventude, com um número de camas a definir.

Silhuetas gigantes. A jazida tem como fundo de horizonte próximo, a NE, um cabeço arredondado onde poderiam ser colocadas silhuetas gigantes de saurópodes (à semelhança do touro da “Domecq”, em Espanha). Do lado oposto, a NW, um cabeço mais amplo e mais próximo, permitiria a implantação de uma manada de adultos e crias de saurópodes, descendo a vertente, no sentido da jazida.

Parque Automóvel para ligeiros e pesados.

Anúncios Publicitários do complexo museológico, para além daqueles a colocar nas estradas interiores de acesso ao local, a partir de Fátima, de Torres Novas, de Ourém, etc., deverão incluir informação adequada na autoestrada A-1 (Lisboa-Porto).

Petição 96/XV/1

Petição - Arquivada

Subscritor(es): António Marcos Galopim de Carvalho


Primeiro subscritor: 1

Assinaturas entregues: 5103

Assinaturas online: 136

Total de assinaturas: 5240


Anexos


Vídeo


Informação adicional

  • 2023-01-03: Nomeado o relator FRANCISCO DINIS